Você parece esnobe as vezes, cheia e até mal educada. As pessoas acham que você é cinico, frio, ou sei lá outro adjetivo? Sim, mas porque as pessoas desaprenderam a olhar.
As pessoas se acostumaram a vida dos sentidos superficiais, como a visão e o oufato ou o tato. Esqueceram que um queijo cheddar pode feder mas ainda é um dos mais gotosos, esqueceram que você pode amar alguém sem nem mesmo um toque de mão, basta um olhar e as vezes nem isso precisa.
E principalmente, esqueceram que as pessoas, todas elas, são mais do que aparentam. Estamos tão acostumados a vidas falsas. A falso moralismo pra bancar de desconstruídos, quando na verdade somos mais um, muitas vezes, levados por costumes e correntes que não enxergamos. A falsos amores, que nos dedicamos a relações abusivas seja de amizade ou romance, pra nos sentirmos aceitos e pertencentes a algum lugar. A falsa felicidade, que apresentamos em fotos de Facebook e Instagram, a cada foto e número de likes e seguidores crescendo que esquecemos o que é real.
Esquecemos que o barulho da chuva acalma e é ótimo pra dormir, que música é mais do que técnica, arranjo e letra. Esquemos que a felicidade não é um único momentos, mas vários momentos, pessoas e coisas. Temos vergonha de fazer algo que nos mude por fora por medo do que os outros vão pensar justamente porque estamos tão cegos por essa rede de mentiras que acabamos negando a nos mesmos nossos próprios desejos. E pra que???
“A shadow life
Will only break your heart
It steals the light
And tears us all apart
Like a shadow in the dark
I knowing you're living in a shadow life
Better watch your step
Should you stumble
You're gonna fall
'Cause dirty secrets are the killing kind
Rope around your neck
It's a wonder
You breathe at all
You turn a blind eye and I hold on
You're a fool will it ever change?
Why can't you ever see?
The shadow life
Will only break your heart
Like I said before”
Slash - Shadow Life
Slash - Shadow Life
O problema é que esquecemos o que é ser nós mesmos. Nos acostumamos a usar máscaras a todo tempo e a todo momento, de mascarar o que sentimos, o que gostamos e o que viemos. Nos acostumamos a ver todos felizes o tempo todo, alegres e abertos ao mundo que esquecemos que existem os dias cinzas em que só sair da cama já é uma vitória.
Nós desaprendemos a ver verdadeiramente, a ver a humanidade em nós mesmos e nos outros, porque estamos acostumados com as mentiras e gostamos delas, na realidade, brigamos quando nos tentam tirar algo tão precioso quanto ser querido e amado por todos, porque no fundo somos crianças assustadas com medo da solidão. E deveríamos, a solidão machuca e corrói nos transforma em monstros, mas nada justifica sermos monstros com os outros.
Mas devemos lembrar que “o essencial é invisível aos olhos e só se pode ver bem com o coração”, e também que “crescer não é o problema, o problema é esquecer”. Devemos sempre lembrar que a “ponta do iceberg” é só o que podemos ver ou ouvir, e que tudo mais profundo e misterioso. Afinal o ser humano em seus bilhões de neoronios e em uma infinidade de universos internos não conseguem ser tão simples e rasos como, uma só aparência, um só traço de personalidade, um só gosto musical, uma orientação sexual, cor de pele, gênero.... somos mais, somos vivos, somos humanos. E em dias onde apenas é real a superfície, qualquer um que se bata contra uma visão diferente daquilo que está acostumado, se assusta e se afoga no mais profundo oceano que é ser nós mesmos.
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